terça-feira, 8 de março de 2016

Seminário Internacional: “Entradas na Guerra. A Entrada de Pequenas e Médias Potências na I Guerra Mundial”

O Instituto da Defesa Nacional vai realizar no dia 30 de março de 2016, entre as 10h00 e as 16h30, o Seminário Internacional “Entradas na Guerra. A Entrada de Pequenas e Médias Potências na I Guerra Mundial”. 


A conferência de abertura tem como conferencista a Professora Annika Mombauer, da Open University (United Kingdom). O Seminário Internacional contará com dois painéis, sendo o primeiro dedicado à entrada e à participação de pequenas potências na 1ª Guerra Mundial (Bélgica, Bulgária e Grécia); e o segundo relativo às diversas “entradas” de Portugal no conflito (diplomática, económica, africana e europeia).



O Seminário Internacional “Entradas na Guerra. A Entrada de Pequenas e Médias Potências na I Guerra Mundial” terá lugar no Auditório 1 do Instituto da Defesa Nacional, com videoconferência para as instalações do instituto no Porto.



O seminário visa analisar o quadro internacional do primeiro conflito mundial, principalmente no que respeita à posição das pequenas potências, e enquadrar a situação de Portugal nessa época. Este evento insere-se no projeto de investigação “Pensar Estrategicamente Portugal: A Inserção Internacional das Pequenas e Médias Potências e a Primeira Guerra Mundial”, atualmente desenvolvido pelo Instituto da Defesa Nacional, e que conta com a parceria do Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e com o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.



O projeto de investigação, em que se insere este seminário, conta com o apoio da Comissão Coordenadora das Evocações do Centenário da I Guerra Mundial.


Mais informação aqui

Uma excelente entrevista com a historiadora Ana Paula Pires

Portugal oficialmente entrou na Primeira Guerra Mundial a 9 de março de 1916. O que aconteceu nessa data?

Aconteceu a declaração de guerra da Alemanha, na sequência da apreensão dos navios de guerra alemães e austríacos que estavam fundeados em portos portugueses desde a entrada da Alemanha na guerra. Portugal resolveu nessa altura, face às dificuldades que tinha nos abastecimentos e no transporte, tomar para si os navios.

É Portugal, então, que tem a ação que desencadeou a guerra?

Sim. Mas é uma iniciativa escudada pela Grã-Bretanha. Portugal já vinha sendo pressionado desde 1915 no sentido de tomar esses navios. Temos de olhar para o cenário de guerra internacional e era uma altura em que os aliados estavam numa situação complicada na Flandres.

Portugal estava a ser pressionado pelo velho aliado a entrar na guerra?

Não tanto a entrar na guerra. Era mais para requisitar os navios. Porque no íntimo da diplomacia britânica nunca se pensou que essa tomada de navios pudesse dar numa declaração de guerra.
Contudo, Portugal já tinha combatido a Alemanha em África.
Esse é um cenário pouco conhecido e faz impressão às pessoas perceber como é que nós só entrámos na guerra em 1916 se já tínhamos tropas a combater em África. Uma das preocupações da diplomacia republicana foi salvaguardar o património colonial. Há um envio de tropas logo em setembro de 1914.

Estamos a falar do Sul de Angola e do Norte de Moçambique, fronteiriços com colónias alemãs…

Exatamente.

Os alemães tinham atacado em África?

Não, o que aconteceu foi uma coisa bastante paradigmática e exemplificativa daquilo que foi a política portuguesa. Portugal é o único país envolvido na guerra que tem nesta fase inicial uma declaração de não neutralidade e não beligerância. Portanto não é neutral nem é beligerante. A pedido da aliança britânica, Portugal tinha tido este estatuto ambíguo. Logo nesses meses são enviados militares para Angola e Moçambique porque os territórios, ainda antes da declaração de guerra, já tinham sido alvo de cobiça e de disputa por parte da Grã-Bretanha e da Alemanha. Portanto, o governo português percebeu rapidamente que, se a guerra alastrasse às colónias, os territórios poderiam estar em perigo.

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«Portugal e a Grande Guerra - uma visão geral» em Oliveira de Azeméis


«O Apresamento dos Navios Alemães - Ação Naval e Casus Belli». Uma exposição no Museu da Marinha