domingo, 30 de março de 2014

"A Europa entre Guerras". Uma jornada de reflexão e debate em Lisboa

3 e 4 de Abril de 2014 
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas/ UNL 
Edifício I&D, Piso 4, Salas Multiusos 2 e 3
Entrada livre

Mais informações em http://europebetweentheworldwars.wordpress.com 

Programa 

09h30-10h00 Recepção aos participantes/ Registration 

10h00-11h00 Conferência de abertura/ Lecture | Sala multiusos 2
Coming out from wars. Europe in post World Wars - Patrizia Dogliani, Università di Bologna

11h00-13h00 Nacionalismo e internacionalismo | Sala multiusos 2
Moderação: Maria Fernanda Rollo, FCSH e IHC, FCSH-UNL

  • Winners in the war, defeated in peace. The legacy of the Great War as laceration of Italian society: from the “two red years” to the reactionary drift of fascism (1919-1925) - Mauro Pellegrini, White War Museum – Temù, Italia 
  • The International Battle for Grain. Italy, the League of Nations and the struggle for regulating the production of wheat during the Great Depression - José Antonio Sánchez Román, Universidad Complutense de Madrid, España 
  • Nationalism and internationalism. The socialist Spanish intellectual elites and the discourses of the nation - Aurelio Martí Bataller, Universitat de València, España 
  • O Comintern e Portugal - João Arsénio Nunes, Instituto Universitário de Lisboa 


11h00-13h30 Espaços e representações culturais | Sala multiusos 3
Moderação: Carlos Vargas, IHC, FCSH-UNL

  • Conflito e compromisso no campo arquitectónico entre guerras - Joana Brites, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra The role of gardens and public parks in the reconstruction of cities destroyed by war: an overview - Ana Duarte Rodrigues, CHAM, FCSH-UNL 
  • A dança, uma arte em expansão entre Guerras - Maria João Castro, Instituto de História da Arte, FCSH-UNL 
  • Entre nacionalismo e autoritarismo: os discursos sobre a cultura musical em Portugal no período entre Guerras (1919-1939) - Luís Miguel Santos, CESEM, FCSH-UNL 
  • Spain and the International Institute of Intellectual Co-operation (1926-1939) - Diana Sanz Roig, Universitat Pompeu Fabra, España 
  • Nacionalismo desportivo entre guerras – as seleções como instrumento de unidade nacional - César Rodrigues, CEIS20 – Universidade de Coimbra 


13h30-15h00 Pausa para almoço/ Lunch

15h00-18h00 Pensamento e ideologias | Sala multiusos 2
Moderação: Maria Manuela Tavares Ribeiro, FL-UC e CEIS20 – Universidade de Coimbra

  • Politics beyond Liberalism? Max Weber’s Political Thought and the German Critical Juncture of 1917-1919 - Pedro T. Magalhães, CESNOVA, FCSH-NOVA 
  • Ideias federais na Europa entre guerras - José Gomes André, Universidade de Lisboa “Pela Paz”! A ideia de “Estados Unidos da Europa” entre guerras. Uma visão a partir da diplomacia portuguesa - Isabel Baltazar, FCSH-UNL 
  • L’universalità di Roma. A ideia de Europa e as tentativas de constituição duma internacional fascista - Mario Ivani, IHC, FCSH-UNL 


16h30-16h45 Pausa / Pause
Moderação: Teresa Nunes, FL-UL e IHC, FCSH-UNL

  • O fascismo italiano e os jornalistas portugueses: Os casos de Augusto de Castro, Homem Cristo Filho, António Ferro e João de Castro Osório - Clara Isabel Serrano, CEIS20 – Universidade de Coimbra
  • Contribution of British West African Colonies to British Reconstruction in the Inter-war Period - Fewzi Borsali, University of Adrar, Algeria 
  • Anti-semitismo em Portugal: João Lúcio de Azevedo e Gilberto Freyre - Ana Rita Veleda Oliveira, FL-UC/CES – Universidade de Coimbra 


15h00-17h00 História e Memória | Sala multiusos 3
Moderação: Isabel Maria Freitas Valente, CEIS20 – Universidade de Coimbra

  • Médicos milicianos portugueses nos palcos da grande guerra - Francisco Miguel Araújo, CITCEM, Faculdade de Letras da Universidade do Porto 
  • Uma “epopeia maldita” da “tropa d’África”? Memórias da Grande Guerra sobre Além-mar - Sérgio Neto, CEIS20 – Universidade de Coimbra 
  • Jünger e Haffner: Contradições e ambiguidades nas Memórias Alemãs da I Guerra Mundial - Marisa Fernandes, ISCSP-UL 
  • A espanhola polaquizada - Sofía Casanova Lutosławska, a testemunha da história da Europa entre Guerras - Anna Olchówka, Universidade de Wroclaw, Poland 
  • Um Olhar Singular: Mundividência do jovem Marcelo Caetano antes do conflito e do poder – 1929-1939 - Márcio Barbosa, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra 


4 de Abril / April 4 

09h00-10h15 Regimes políticos, religião e autoritarismo | Sala multiusos 2
Moderação: Alice Cunha, IHC, FCSH-UNL

  • Religion and Politics: Revisiting the Origins of Political Regimes in Western Europe, 1870s-1930s - Tiago Fernandes, Departamento Estudos Políticos – Universidade Nova de Lisboa 
  • Religião e Política Entre Guerras. Existência e fim do Centro Católico Português (CCP): uma releitura da sua evolução histórica (1919-1940) - Paula Borges Santos, IHC, FCSH-UNL 
  • Cunha Leal e os regimes totalitários nos anos 30 - Júlio Rodrigues da Silva, FCSH-UNL 


10h15-10h30 Pausa/ pause

10h30-12h00 Espanha entre guerras | Sala multiusos 2
Moderação: Ruben Serem, IHC, FCSH-UNL

  • The Phenomenology and Logic of Revolutionary Violence: Andalusia during the ‘Bolshevik Triennium’, 1918-1920 - James Matthews, University College Dublin, Ireland 
  • The Catalan Autonomist project of 1919 and its failure - Àngels Carles-Pomar, Universitat Pompeu Fabra, España 
  • Spanish socialism within republican democracy. Reformism and radicalization from a regional perspective (1931-1936) - Sergio Valero Gómez, University of Valencia, España 
  • A ditadura portuguesa vista pela II república espanhola - Tiago Tadeu, CEIS20 – Universidade de Coimbra  

09h-12h00 Vencer a guerra, ganhar a paz | Sala multiusos 3
Moderação: Ana Paula Pires, IHC, FCSH-UNL

  • Guerra à ciência em tempo de paz (1918-1939) - Cláudia Ninhos, IHC, FCSH-UNL 
  • Entre Nova Iorque e Berlim: mapeamento do campo da educação comparada na Europa entre-guerras - Luís Grosso Correia, Universidade do Porto 
  • Espaços e representações culturais e científicas numa geração europeizada ou os bolseiros no estrangeiro da Junta de Educação Nacional (1929/36) - Quintino Lopes, CEHFCi – Universidade de Évora 


10h15-10h30 Pausa/ Pause
Moderação: Aniceto Afonso, IHC, FCSH-UNL

  • A Visão da “Guerra Total” no Pensamento Militar Português - António Paulo Duarte, Instituto da Defesa Nacional/IHC 
  • A Inovação Militar no período entre guerras e o início da II Guerra Mundial - Luís Barroso, Instituto de Estudos Superiores Militares 
  • Os Açores entre Guerras (1919-1939) - Sérgio Rezendes, Universidade dos Açores 
  • Mustafa Kemal Atatürk e o Processo de Modernização da Turquia (1923-1938) - João Nobre, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra


Fonte:  II Encontro Anual A Europa no Mundo - A Europa entre Guerras (1919 - 1939)

domingo, 9 de março de 2014

O horror do gás

"Gassed", de John Singer Sargent, representa as consequências de um ataque de gás mostarda na I Guerra
Entre tantas outras novidades, a I Guerra apresentou também ao mundo o horror da guerra química moderna em larga escala: o inimigo invisível que fez razias nos campos de batalha europeus e marcou todos os que passaram pelas trincheiras. A utilização de gases e venenos na guerra é uma prática milenar* e nas décadas que antecederam 1914 já tinham sido assinados vários acordos limitando ou proibindo a sua aplicação militar, a Grande Guerra, no entanto, constituiu a oportunidade ideal para os generais testarem o método em doses industriais, tendo em conta sobretudo as características de imobilidade da própria guerra de trincheiras que imperou nos teatros de operação europeus.

Gás lacrimogénio, gás mostarda (gás amarelado que queimava a pele e causava danos irreparáveis nos pulmões), ou agentes químicos letais como o fosgénio e o cloro, tornaram-se nomes terrivelmente familiares naquela altura. Estima-se que as armas químicas mataram ou feriram cerca de 1.3 milhões de pessoas, incluindo dezenas de milhares de civis desprotegidos das zonas gaseadas. Estas armas químicas foram primeiro utilizadas nas trincheiras pelo exército francês (gás lacrimogénio) e os alemães não tardaram a responder com a utilização maciça de cloro. No início limitavam-se a abrir barris de cloro, que espalhavam ao sabor do vento, quando este soprava na direção do inimigo, mas cedo ambos os lados aprenderam a adaptar obuses de artilharia, carregando-os de fosgénio ou de outro tóxico qualquer, desencadeando uma corrida frenética de desenvolvimento de métodos de matar com gás. 

"Wounded Soldier", de Otto Dix, pintor e soldado alemão da I Guerra
(1891 - 1969)
Ao mesmo tempo, embora mais lentamente, foram também sendo desenvolvidos aparatos de defesa pessoal e surgiram as primeiras máscaras com filtros muito rudimentares, mas nos primeiros anos de guerra a esmagadora maioria dos soldados e das populações estavam completamente desprotegidos, não sendo raro embeber lenços em urina (a amónia da urina neutralizava em parte os efeitos do cloro). 

Mas a devastação da guerra química moderna foi brutal e a sua própria natureza insidiosa, contrária a uma prática bélica minimamente ética, acabou por levar a uma das mais positivas consequências do conflito, o Protocolo de Genebra, firmado em 1925, que bania completamente as armas químicas ou biológicas. O tratado foi quebrado diversas vezes no século XX - na II Guerra ou na guerra Irão-Iraque, por exemplo -, mas tornou-se um compasso ético internacional para a maioria das forças armadas convencionais do mundo.

O horror da guerra química em larga escala ficou também plasmado na arte e na literatura. Um exemplo dos mais marcantes é o poema Dulce et Decorum Est, de Wilfred Owen, considerado o grande poeta inglês da I Guerra:

Bent double, like old beggars under sacks,
Knock-kneed, coughing like hags, we cursed through sludge,
Till on the haunting flares we turned our backs;
And towards our distant rest began to trudge.;
Men marched asleep. Many had lost their boots;
But limped on, blood-shod. All went lame; all blind;
Drunk with fatigue; deaf even to the hoots  
Of tired, outstripped Five-Nines that dropped behind.
Gas! Gas! Quick, boys! – An ecstasy of fumbling,
Fitting the clumsy helmets just in time;
But someone still was yelling out and stumbling,
And flound'ring like a man in fire or lime...
Dim, through the misty panes and thick green light,
As under a green sea, I saw him drowning.
In all my dreams, before my helpless sight,
He plunges at me, guttering, choking, drowning.
If in some smothering dreams you too could pace
Behind the wagon that we flung him in,
And watch the white eyes writhing in his face,
His hanging face, like a devil's sick of sin;
If you could hear, at every jolt, the blood
Come gargling from the froth-corrupted lungs,
Obscene as cancer, bitter as the cud
Of vile, incurable sores on innocent tongues,
My friend, you would not tell with such high zest
To children ardent for some desperate glory,
The old Lie; Dulce et Decorum est
Pro patria mori.

Wilfred Owen (8 October 1917 - March, 1918)



* Embora haja registos mais antigos no Oriente (sobretudo na China) um dos primeiros registos históricos da utilização bélica de gás tóxico no mundo ocidental remonta à Guerra do Peloponeso, entre Esparta e Atenas, no século V a.C.. Fazendo cerco a uma cidade ateniense, os espartanos queimaram pilhas de madeira, resina e enxofre, junto às muralhas da cidade sitiada.

Reaproximações e desmistificações. Associação de Setúbal promove aproximação à Alemanha em tempo de Centenário

Inscrições abertas - intercâmbio na Alemanha assinala centenário da I Guerra Mundial

No ano em que se começa a assinalar o centenário da Primeira Guerra Mundial, a associação cultural e juvenil Experimentáculo, de Setúbal, promove um intercâmbio sobre o assunto. Deste modo, «estão abertas inscrições para 10 jovens, dos 15 aos 30 anos, que gostem de história, queiram conhecer novas pessoas, descobrir uma cultura diferente e adquirir novas competências pessoais e profissionais».

O projeto vai decorrer entre 13 e 23 de Abril, na cidade alemã de Oldenburg e reunirá 45 jovens de Portugal, Alemanha e França. A participação custa 150 euros e «contempla a viagem, a estadia, a alimentação e todas as actividades previstas no programa: workshops, visitas, encontros, etc». As inscrições podem ser efectuadas através do email experimentaculo@gmail.com ou do telefone 964724671.